Como e quando será o retorno das viagens corporativas? A retomada do lazer já vem acontecendo, com estradas mais cheias, voos domésticos com mais ocupação e hotéis e resorts recebendo hóspedes, mas no âmbito dos deslocamentos a negócios, a vontade de viajar não depende só do viajante, mas também da empresa em que trabalha. Esse foi o tema da LIVE PANROTAS – Retomada das Viagens, que reuniu hoje (1º) alguns dos principais executivos de TMCs, além do diretor de Vendas e Marketing da Latam, Diogo Elias.
Por conta de políticas de viagens mais rígidas e restritivas – geralmente apoiadas por regras de empresas multinacionais – das grandes corporações, um tímido movimento das pequenas e médias empresas começa a ser percebido. Neste sentido, surge um processo de interesse por parte das companhias de como retomar e desenhar uma estratégia de retomada, mostrando a intenção de voltar, o quanto antes, a viajar. Mas a intenção de recuperação ainda é lenta e é preciso agir com cautela.
“Estamos vindo de um patamar muito baixo, com níveis caindo a zero. Em agosto e setembro já sentimos uma certa estabilização e agora estamos com um volume entre 20% e 25% do que tínhamos pré-pandemia. Empresas ligadas à área de óleo e gás e de serviços essenciais, por exemplo, sentiram um pouco menos a queda da demanda e elas têm sido nossos top clients nesse período de crise. O restante teve uma queda bastante significativa no volume”, conta o CEO da AJMobi, Eduardo Kina.
Em um momento de ainda muita insegurança, as TMCs passam por um processo de aprendizado, estudo e organização de seus planejamentos e de seus clientes, avaliando o que precisa ser feito e como será a demanda de viagens no futuro, após a pandemia de covid-19, e como elas serão processadas.
“Precisamos separar muito bem o que é desejo e realização. Voltar a viajar todo mundo quer, mas isso exigirá muita análise. O que sabemos é que as viagens corporativas vão mudar, por isso o ponto principal é não se iludir de que a retomada será igual ao volume idealizado nos nossos planejamentos estratégicos. O novo coronavírus nos trouxe essa realidade, de que há situações que não podemos mais considerar”, afirma a sócia da Solid Gestão de Despesas e Viagens e do Reserve, Solange Vabo.
DAR SEGURANÇA
Retomar a confiança, garantindo a segurança, do viajante corporativo é um dos principais fatores para que ele volte a viajar. Diante disso, as TMCs, agências de viagens, companhias aéreas, hotelaria e todos os fornecedores da cadeia precisam comunicar de forma clara todos os protocolos que estão sendo aplicados.
“Não podemos pensar no individual, o mercado precisa agir em conjunto, fazendo um trabalho compartilhado. Se o passageiro viajar mais, mais ele utilizará as aéreas, os hotéis e as locadoras de veículos, colocando todos os serviços em um elo. Por isso devemos pensar como grupo para fortalecer a economia como um todo e, juntos, vamos conseguir passar essa segurança”, pontua Solange.
No entanto, as viagens a trabalho dependem das políticas das empresas, do compliance e do duty of care. O colaborador pode já estar se sentindo seguro para viajar, mas a empresa, dentro de suas regras, poderá não estar se sentindo confortável para liberá-lo. Aí dependerá de cada companhia, com o surgimento da vacina sendo o ideal para a verdadeira retomada.
“Como co-gestores das viagens, devemos zelar pela integridade do funcionário que está em trânsito. Com a covid-19, esses cuidados acabaram nos aproximando ainda mais dos clientes, nos dando a responsabilidade de ser o radar de informações, trazendo o máximo de medidas, dados e protocolos possíveis. É um processo orgânico, que muda a cada dia, mas o nosso papel é dar essa confiança”, afirma o diretor da LTN Brasil, Gustavo Bernhoeft.
PAPEL DA TMC
Com uma responsabilidade cada vez mais consultiva e estratégica, o papel das TMCs e dos agentes de viagens vem se mostrando ainda mais imprescindível em um cenário tão dinâmico quanto este causado pela pandemia. Entregar dados, pensar em novas formas de gestão e oferecer soluções tecnológicas é fundamental.
“Temos trabalhado muito nosso senso de comunidade. Ficamos muito próximos dos nossos clientes, mas não em viagens e, sim, na gestão do que precisava ser feito. Acredito que teremos um papel muito maior no futuro, com as TMCs tendo mais autoridade no mercado, seja perante os clientes ou fornecedores”, diz o diretor da Copastur, Edmar Mendoza.
Para o diretor comercial da Voetur, Humberto Cançado, a percepção é a mesma, de um relacionamento muito mais próximo. E, mesmo com as viagens praticamente paralisadas durante o período mais crítico da crise de saúde, o trabalho de uma TMC não para. “Paramos de vender viagens, mas começamos a gerar dados para os clientes. Criamos uma relação de confiança muito mais sólida do que tínhamos. Por isso, cabe a nós repassar informações sobre os equipamentos e seus protocolos e trazer segurança à tona.”
EVENTOS HÍBRIDOS
A necessidade do isolamento social e impossibilidade de fazer aglomerações fez com que as empresas tomassem atitudes em relação aos seus eventos. O que era feito presencialmente, passou a ser realizado de maneira digital. Agora, muitas companhias estão adotando o formato híbrido, vendo que é possível contar com parte do público e palestrantes no espaço físico, transmitindo o conteúdo para a maioria dos participantes que estão em casa.
“O processo de incorporação do conceito foi de um aprendizado muito rápido e uma demanda bastante intensa para conseguir navegar pelas soluções. Temos o desafio de fazer com que a potência e força dos encontros presenciais sejam transferidos neste novo formato. Mas o aprendizado é que todos os eventos serão híbridos daqui para frente. O componente digital mostrou que é possível ter alcance e impacto muito maiores”, finaliza Bernhoeft.
Via: Panrotas